Olhar pela janela da alma.

Abri a janela e voei. Junto com alguns amigos pássaros que conheci. De começo fiquei assustado, não sabia como era aquilo, nunca tinha voado antes, mesmo quando não estava com os pés no chão.
O canto deles com o tempo foi ficando mais fácil de entender, percebi que o que escutava era a pureza do viver, contados por experientes Seres Livres.
Enquanto planávamos no céu, fui vendo de cima como era realmente a vida no chão, onde outros humanos continuavam suas Atividades Cotidianas, e só enxergavam aquilo, nada mais, nada Além.
De repente fiquei angustiado, nervoso, com medo, pois via que o que eu estava fazendo era muito diferente do que a Sociedade me cobrava, do que eu via no Padrão de Normalidade.
Fui perdendo a estabilidade no ar, percebi que já não conseguia entender o que o canto dos meus amigos pássaros queria me dizer. Comecei a cair, de muito, muito alto, em quanto a minha vida se transformou em um filme, minha cabeça em um cinema e o meu corpo em um ator que sentia e vivenciava todas aquelas lembranças.
Sentia que iria morrer, que por ter ido muito alto, feito algo muito Diferente do Comum, eu tivesse que pagar por isso. Então percebi que a morte era a única certeza, que me Encaixava em algo no Padrão que diria respeito a todos os Seres Vivos. Foi quando comecei a ficar mais calmo, a pensar em coisas boas que fiz, em ter tido coragem de me arriscar na vida, mesmo tendo o meu fim por uma destas Experiências Anormais. Mas só eu vivenciei, só eu que sentir o prazer de voar, só eu que poderia saber como era, pois tive coragem de me jogar. Comecei a sorrir, a gritar no ar, a chorar de alegria, a sentir um enorme prazer naquele momento, foi quando percebi que não estava mais sentindo aquela sensação de vazio, de estar caindo, que me fez tomar coragem e abrir os olhos, e ver que eu continuava voando, em direção a minha casa, em direção do meu Eu.